Saturday, April 14, 2007

O Último Romântico


Dói. Imensamente. De uma forma que já doeu e você não lembra, e que por isso parece ser a pior de todas. E cada vez que surge essa tão conhecida pontada naquele velho lado esquerdo do peito, a pergunta surge: por quê? Por que eu me atirei de cabeça de novo? Por que eu o expus de tal forma que era possível ver a tricúspide abrindo e fechando acelerada e desordenadamente? Por que eu deixei acontecer? Por que eu não entrei na minha confortável bolha de auto-suficiência e tranquei todos pra fora? Por que eu entrei na minha bolha, mas deixei que ela, e somente ela, entrasse também? Por que eu quis escalar esse Everest pela face norte, ao invés de ficar ao pé da montanha tomando chocolate quente? Por que me pendurar a 70 metros de altura e então me jogar? Por que viver intensamente se uma vida tranquila é boa pra tanta gente? Por que viver com alguém se viver sem dar satisfação é bom pra tanta gente? Por que fazer planos e sonhar, e depender de outra pessoa pra que esses mesmos planos e sonhos se realizem? Por que confiar em alguém? Por que eu derrubei o muro construído com tanto custo?

E então, mergulhado nessa auto-piedade sem fim, entre lágrimas e palpitações descompassadas por conta do aperto, a resposta surge, carinhosa, quase como um cafuné, trazendo um conforto indescritível. E é assim que, num rosto fechado para o mundo, um sorriso surge, discreto, de canto de boca, mas firme, e disposto a começar tudo de novo...

Porque ouvir de uma pessoa que ela está com borboletas no estômago por sua causa é bom. Porque gravar um disco com as músicas favoritas dela é bom. Porque trocar mensagens por celular às 2:00 da manhã é bom. Porque causar uma emoção boa e verdadeira em alguém é bom. Porque perder o apetite, comer em dobro, ou os dois ao mesmo tempo, por causa da ansiedade é bom. Porque ter o coração disparado, as mãos tremendo e o cérebro parado, só por ouvir uma voz, é bom. Porque correr pra atender o telefone e o estômago escapar pela boca só de ver o nome no identificador de chamadas é bom. Porque estar lá para alguém é bom. Porque saber que alguém estará lá para você é bom. Porque ouvir uma voz suave cantando pra você enquanto erra os acordes no violão é bom. Porque esquecer do trabalho, da faculdade, do mundo, enquanto se está com alguém, é bom. Porque acabar faz parte, mas acabar sendo o mais honesto e sincero possível com alguém, é maravilhoso.

Porque encerrar algo intenso é melhor do que nunca começar nada. Sempre.


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O Último Romântico - Lulu Santos

Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida
Sempre o meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só, único

Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais deste oceano Atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida
Já que a morte cai do azul

Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande pra poder chorar

Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Quando o medo, a insegurança e a ansiedade passam já não há mais algo.

Coma sempre absurdamente, toque td errado e faça tirolezas (mesmo que isso faça vc ter um small stroke).

Foi isso que eu aprendi sendo intensa por um mês, uma certa vez, com uma certa pessoa maravilhosa ao meu lado.

E ser efêmero não significa insignificante.

Pelo contrário.

São dessas pequenas efemeridades mega intensas que é feita a vida.

E são delas, e só delas, que lembramos no futuro.

Olhamos para trás e vemos só as alegrias, mesmo que esporádicas e pontuais.

Take care darling!

E viva Jung!

hehehehe

7:36 AM  

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