Wednesday, July 11, 2007

Sorte

Já acordou ao lado de alguém e se sentiu a pessoa mais sortuda desse mundo?

Não? Azar o seu...

Saturday, June 09, 2007

50 anos

Você algum dia já parou para pensar como será sua vida daqui a 50 anos? Você algum dia considerou a hipótese de que a sua vida daqui a 50 anos pode envolver outra pessoa? E que essa pessoa pode estar ao seu lado nesse exato instante? É assustador, não? Principalmente se um dos dois não acredita na possibilidade de 50 anos com uma mesma pessoa. Principalmente se um dos dois não sabe como fazer a outra acreditar que é possível. Principalmente quando essas poucas linhas acima são capazes de efeitos devastadores em um deles. Ou em ambos.

Principalmente quando os dois hesitam tanto...

E então, um dia você assiste a um filme, ouve uma música, lê um livro ou vê uma foto, que te mostra exatamente como será sua vida daqui a 50 anos. Ou, mais precisamente, te mostra exatamente o que você quer daqui a 50 anos. E ambos estão no filme, na música, no livro ou na foto. Você e ela. E isso te enche de forças. Isso faz com que você queira aquilo de qualquer jeito. Isso te dá paciência para quebrar paredes de concreto com brocas de dentista. Isso te dá um auto-controle de fazer inveja a qualquer um desses mestres de qualquer uma dessas filosofias orientais. E de repente um dos dois se descobre capaz de tentar, e tentar, e tentar, e tentar...

... ainda que demore 50 anos para convencer o outro.

Friday, June 08, 2007

Turbilhões

Correndo. Vivendo. Não-sabendo.

Sempre.

Terminar o texto do blog enquanto se conversa com duas pessoas no msn e mais uma no Google talk, enquanto se ouve uma música no iTunes, enquanto se baixa uma discografia no e-mule (já que o bear share deu pau), enquanto se escolhe qual fotografia colocar no fotolog, enquanto se sincroniza os dados com o Palm.

Falar ao celular enquanto se está preso no trânsito, enquanto se retoca a maquiagem ou se arruma a gravata, enquanto se ouve o último CD da Ivete ou da Joss Stone (CD pirata, claro, comprado no Stand Center), enquanto se dobra e desdobra o jornal para ler o caderno de economia ou de lazer, enquanto se breca bruscamente porque o filha da puta do cara da frente brecou bruscamente.

Montar uma apresentação de powerpoint enquanto se fala ao telefone (aquele com duas linhas) com um cliente e com um fornecedor, enquanto se responde ao último email do chefe cobrando uma resposta ao email do setor de marketing, enquanto o messenger pisca com convites para dois Happy Hours diferentes (no mesmo dia), enquanto se olha para a cara do estagiário que te olha com aquela cara de "que que eu faço agora", enquanto se tenta entender a piada do colega da mesa ao lado.

Ter um relacionamento indefinido com ela.

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Paciência - Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara

Sunday, May 20, 2007

Foi como se fosse uma explosão de uma super-nova. Em segundos, a terra do conto de fadas sumiu, se desintegrou, sem aviso-prévio.

E sobrou a realidade.

E ele começou a conhecer melhor essa tal realidade. E teve que fazê-lo a pé, pois pela primeira vez seus pés tocavam o solo. O vôo, tão natural em seu mundo de magia, era algo impensável. E ele logo se cansou. Logo se cansou de caminhar. E resolveu se sentar em uma livraria, tomar um café e ler alguma coisa. Pegou um dicionário (porque diabos um dicionário?) e começou a folheá-lo. E deu por falta de uma palavra.

Não achou a palavra respeito.

Todo o resto estava bem parecido com o que havia em seu mundo. Mas não havia respeito. E ele começou a se perguntar como pode haver uma sociedade, como pode haver casais, como pode haver amizade, sem respeito? Por que alguém cortaria respeito do dicionário?
E, aos poucos, ele começou a perceber que havia uma necessidade enorme de respeito nesse mundo chamado realidade. E ele, naturalemente, começou a se achar um alienígena em meio àquele caos todo de promessas quebradas, traições, violências físicas e morais, descaso total pelo próximo... coisas que aquela palavra simples evitaria. Mas a sensação era a de que só ele sabia o significado de respeito.

E isso o deprimiu terrivelmente.

E ele se fechou. E se trancou. E só saiu de lá quando esqueceu que aquela palavra existia, e pode enfim se sentir como parte de algo novamente. Infelizmente...

Saturday, April 14, 2007

O Último Romântico


Dói. Imensamente. De uma forma que já doeu e você não lembra, e que por isso parece ser a pior de todas. E cada vez que surge essa tão conhecida pontada naquele velho lado esquerdo do peito, a pergunta surge: por quê? Por que eu me atirei de cabeça de novo? Por que eu o expus de tal forma que era possível ver a tricúspide abrindo e fechando acelerada e desordenadamente? Por que eu deixei acontecer? Por que eu não entrei na minha confortável bolha de auto-suficiência e tranquei todos pra fora? Por que eu entrei na minha bolha, mas deixei que ela, e somente ela, entrasse também? Por que eu quis escalar esse Everest pela face norte, ao invés de ficar ao pé da montanha tomando chocolate quente? Por que me pendurar a 70 metros de altura e então me jogar? Por que viver intensamente se uma vida tranquila é boa pra tanta gente? Por que viver com alguém se viver sem dar satisfação é bom pra tanta gente? Por que fazer planos e sonhar, e depender de outra pessoa pra que esses mesmos planos e sonhos se realizem? Por que confiar em alguém? Por que eu derrubei o muro construído com tanto custo?

E então, mergulhado nessa auto-piedade sem fim, entre lágrimas e palpitações descompassadas por conta do aperto, a resposta surge, carinhosa, quase como um cafuné, trazendo um conforto indescritível. E é assim que, num rosto fechado para o mundo, um sorriso surge, discreto, de canto de boca, mas firme, e disposto a começar tudo de novo...

Porque ouvir de uma pessoa que ela está com borboletas no estômago por sua causa é bom. Porque gravar um disco com as músicas favoritas dela é bom. Porque trocar mensagens por celular às 2:00 da manhã é bom. Porque causar uma emoção boa e verdadeira em alguém é bom. Porque perder o apetite, comer em dobro, ou os dois ao mesmo tempo, por causa da ansiedade é bom. Porque ter o coração disparado, as mãos tremendo e o cérebro parado, só por ouvir uma voz, é bom. Porque correr pra atender o telefone e o estômago escapar pela boca só de ver o nome no identificador de chamadas é bom. Porque estar lá para alguém é bom. Porque saber que alguém estará lá para você é bom. Porque ouvir uma voz suave cantando pra você enquanto erra os acordes no violão é bom. Porque esquecer do trabalho, da faculdade, do mundo, enquanto se está com alguém, é bom. Porque acabar faz parte, mas acabar sendo o mais honesto e sincero possível com alguém, é maravilhoso.

Porque encerrar algo intenso é melhor do que nunca começar nada. Sempre.


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O Último Romântico - Lulu Santos

Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida
Sempre o meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só, único

Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais deste oceano Atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida
Já que a morte cai do azul

Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande pra poder chorar

Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão

Thursday, January 25, 2007

Cenas de um cotidiano - I

Ele: Oi amor, tudo bom?
Ela: Agora tudo ótimo! E o que a gente vai fazer hoje?
Ele: Não sei... o que você quer fazer?
Ela: Ah, sou sempre eu que decido, hoje você escolhe.
Ele: Não sei, pode escolher, fazemos o que você quiser.
Ela: Ah não amor, pode ir pensando no que fazer. Eu não vou decidir nada.
Ele: Hmmm... tá bom. Então, vamos começar com um cineminha...
Ela: Cinema? Ah, não to com muita vontade de ir no cinema...
Ele: Tá bom. Então... deixa eu pensar... nossa, tem uma peça muito legal passando naquele teatro perto de casa! É uma comédia com o...
Ela: Ah não, teatro não. Não estou no clima.
Ele: Então vamos começar com um jantar, e no jantar decidimos, tá bom?
Ela: Pode ser...
Ele: Bom, já que você está tããããão animada, vamos naquela cantina que você adora, hoje tem até os violinistas, bem romântico e...
Ela: Ah não, massa não. Comi massa no almoço.
Ele: Então uma lanchonete? Tem aquela que abriu agora, super-cotada na revist...
Ela: Lanche engorda.
Ele: E massa não?
Ela: Como?
Ele: Esquece. Já sei. Vamos esquecer essas coisas todas. A gente vai pra minha casa, eu faço aquele jantarzinho no capricho, coloco a nossa música, dançamos coladinhos um no outro, depois colocamos aquele colchão na sala, eu te faço aquela massagem que só eu sei fazer, e...
Ela: Eu sabia! Eu sabia! Você só pensa nisso!
Ele: Oi?
Ela: Vocês são todos iguais! Nenhum presta!
Ele: Eu? Como é que é? Escuta, então escolhe você a droga do programa que a gente vai fazer hoje!
Ela: Mas sou sempre eu quem tenho que escolher!
Ele: Por que será?
Ela: Então vamos pra droga do seu cinema.
Ele: Não precisa ser assim também.
Ela: Vamos logo.
Ele: Tem certeza?
Ela: Tenho.
Ele: ...
Ela: O que foi?
Ele: Certeza que não prefere a opção de ir pra minha casa? Eu faço o jantar e...
Ela: Pro cinema. E a gente vai ver o filme que eu quiser.
Ele: ...

Wednesday, November 15, 2006

Vamos deixar rolar...

"Vamos deixar rolar e ver no que dá."

Essas foram as últimas palavras que ouviu dela, há cerca de 5 anos. Pelo menos as últimas que ele se lembra. E agora, lá estava ela, linda, de branco, subindo o altar com um cara ligeiramente mais baixo, mais gordo e mais feio do que ele.
E se não tivesse deixado rolar? E se ele tivesse insistido à época? E se tivesse tido a coragem de chamar para mais filmes, mais jantares? E se não tivesse achado cômodo "deixar rolar"? E se...
Queria gritar. Iria levantar na hora em que o padre perguntasse se alguém tinha algo contra a união do casal, e iria gritar. Mas a cerimônia acabou, todos saíram, e ele continuou lá, sentado, imerso em doces lembranças que nunca existiram. Teriam sido felizes com certeza, tinham tudo a ver um com o outro. Aquele gordo baixinho não a faria feliz. Não como ele. Ou não, talvez fossem parecidos demais, talvez não durasse um mês. Mas pelo menos teriam tentado. Se pelo menos tivesse insistido. Se...
Saiu da igreja, pegou o carro e dirigiu na direção contrária a todos os outros carros que passavam buzinando e piscando seus faróis.
Chegou em casa, tirou a gravata, os sapatos, e sentou-se à frente do computador. E assim passou o resto da noite, divertindo-se solitariamente com palavras e imagens em uma tela de 15 polegadas.