Sunday, July 02, 2006

You've got a friend

Nesse momento ela está lá, com aquela coragem que lhe é tão natural, acertando sua vida, correndo atrás de um sentido para tudo. E o pior é que o "sentido" é um cara bem legal.
E ele está lá, não no mesmo "lá" dela, mas lá, ouvindo alguma música deprê ou um rock muito louco, tentando achar um mínimo de coragem (uma fração da coragem dela seria suficiente) para se convencer de que não há chance.
Foram amigos por muito tempo. Ainda o são. Muito amigos. Amigos até demais talvez. Combinam em tudo (bom, quase tudo. Ele escreve em um blog e ela muito provavelmente não vai ler seus escritos, mas isso é um mero detalhe). Pensam da mesma forma. Sabem o que o outro pensa só de ouvir o silêncio que emitem naqueles dias tristes. Não se vêem há tempos, mas parece que sempre existe aquela chama que não depende de distância ou de contato para continuar queimando. Enfim, são amigos na mais pura concepção da palavra, sem a menor sombra de dúvida.
E não há dúvida de que a maior dúvida na história das amizades entre homens e mulheres reside no limite entre o "você é um grande amigo, mas..." e o "você é um grande amigo, e...". E a verdade é que um dia a ficha simplesmente cai. Infelizmente não cai na mesma hora para os dois, nem cai da mesma forma para os dois. E a ilusão da pureza da amizade, aquela amizade que não pode ser maculada por sentimentos intensos e conflitantes, acaba por retrair, inibir, encorajar a esconder o que se sente verdadeiramente.
E invariavelmente um deles tem grandes chances de ficar ouvindo aquela música (amigos sempre têm "aquela música"), enquanto o outro não faz idéia do que acontece, nem imagina o sentido que as coisas tomaram de uma hora pra outra.

E o pior é que o "sentido" é realmente um cara bem legal...

E ele, o amigo, como todo bom amigo, torce para que ela seja muito feliz. Com ou sem ele. Com ou sem sentido.